HISTÓRIA DO FUTSAL FEMININO COM JORGE ÁVILA
Iniciei minha graduação em 2006 pelo Centro Universitário do Cerrado Patrocínio UNICERP, e me formei em 2008. O interesse em trabalhar com a modalidade feminina veio a partir de quando Patrocínio sediou a etapa microrregional do JIMI, onde vi a equipe de Uberlândia comandada pela treinadora Juscelina Domingues jogar e consagrar-se campeã com muita superioridade.
Em 2009 comecei trabalhar no distrito de Silvano sendo o meu primeiro emprego, onde montei uma escolinha voluntaria atendendo masculino e feminino.
Logo depois fui contratado para trabalhar na prefeitura de Patrocínio e atendia as comunidades de Silvano e São João com o Programa de Esportes PROINDE. Em 2010 participamos do JEMG com as categorias femininas de futsal e obtivemos ótimos resultados.
Em 2011 montamos um núcleo de treinamento aos sábados a tarde no poliesportivos São Vicente onde as meninas dos distritos de Silvano e São João se integrava com meninas que morava em Patrocínio.
Em outubro de 2011 fomos treinar na quadra do Clube de Patrocínio Tênis Clube e começamos a representar a cidade em competições regionais com ajuda da Prefeitura no transporte.
Em 2012 conseguimos cotas sócio-atletas e parte da mensalidade paga pelas atletas eram investido no futsal feminino do clube, fizemos também uma parceria com a escola Dom Lustosa e com o diretor Alvimar.
O objetivo era focar nos jogos escolares, pois era uma competição a nível estadual onde não era necessário investimento financeiro, pois era mantido pela secretaria de educação do estado.
Já em 2012 a equipe foi campeã da fase municipal, campeã na fase microrregional e 4° lugar na fase regional dos jogos escolares.
Em 2013 repetimos os feitos de forma invicta e chegamos na final da fase regional, onde caímos na “armadilha do sucesso” citado por Bernadinho em seu livro Transformando suor em Ouro e perdemos para equipe de Lagoa Formosa, mesma equipe que ganhamos de 4 a 0 na fase de grupo.
Já em 2014, após uma falta de entendimento com a diretoria do Patrocínio Tênis Clube, resolvi criar a escolinha Bola na Rede, onde comecei a atender futebol masculino no centro esportivo Daragi e trabalhando como voluntário com o futsal feminino no ginásio São Vicente. Neste mesmo ano fomos campeões da fase municipal do
JEMG, e vice-campeão na fase microrregional.
A partir de 2014 tivemos ajuda de uma pessoa muito importante no esporte patrocinense, Hygor Fonseca.
Aprendi muito com ele, pois nunca fui atleta de futsal e não entendia alguns aspectos táticos e técnicos da modalidade. Foi uma explosão de conhecimento, pois aliei tudo que ele me ensinava, com minha força de vontade e muito estudo em livros e artigos disponíveis na atualidade.
O resultado foi imediato, fomos campeões da maioria dos campeonatos onde participávamos, ganhamos até da equipe de Uberlândia que foi referência no nosso início.Na competição JEMG fomos referência de 2015 a 2017, chegando nas finais do estadual por 2 anos seguidos e estando entre as duas melhores equipes escolares de Minas Gerais.
Começamos em 2016 a treinar meninas de 11 a 14 anos na escola Dom Lustosa, passando a atender mais de 40 atletas.
Em 2017 fomos representar nossa cidade nos Jogos do Interior de Minas Gerais (JIMI).
Mesmo sendo uma equipe mais jovem com a maioria das atletas com idade entre 16 a 19 anos, conseguimos estar sempre entre as melhores.
Deixamos o título escapar na fase microrregional, tomando uma virada nos 20 segundos finais do 2° tempo da prorrogação para a equipe da cidade de Arinos. Na fase Regional ficamos em 3°lugar.
O ano de 2018 foi marcante, fomos campeões da fase municipal do JEMG e Vice-campeão microrregional. No JIMI conquistamos o 3° lugar na fase Microrregional e campeão da fase Regional, conquistando vaga para fase Estadual, onde tivemos a experiência de estar entre as 7 melhores equipes do estado de enfrentar a “seleção mineira”, representada pela cidade de Governador Valadares e fazer um dos melhores jogos da competição.
Em 2019 encerramos nos atividade com a categoria adulta, permanecendo somente com o sub-14 e o sub-17, não querendo ser pessimista, mas se não mudar algumas atitudes e comportamentos, a tendência é encerrarmos com todas as categorias.
Muitas pessoas não conseguiram entender o fim do time adulto, como pode uma equipe de tanto sucesso terminar assim? Vou tentar explicar de uma forma bem resumida:
Desde quando começamos, sabíamos que íamos lutar contra muitas adversidades, principalmente a falta de apoio financeiro e o preconceito da mulher em jogar futebol. Sempre fizemos o máximo com o mínimo, quando faltava bolas, materiais ou dinheiro para viagens, fazíamos rifas e procurávamos patrocínios com amigos ou empresas.
Nos tempos de hoje, quem trabalha com futebol feminino enfrenta problemas muito piores que a falta de recursos e o preconceito. Um deles é falta de valores e de compromisso.
A sexualidade também pode ser um grande problema, pois muitas das vezes não conseguem separar sua vida pessoal com o compromisso de atleta, isso deixa a equipe vulnerável a diversas situações extra quadra.
Na eliminação da seleção feminina de futebol, Marta a maior jogadora dos últimos tempos tentou alertar as gerações atuais, ela pede para elas mesmas si valorizarem e mostrar que vale a pena apoiar o futebol feminino.
Na minha opinião Patrocínio ainda pode continuar sendo referência na modalidade, mas precisamos unir forças para isso.
Precisávamos de um planejamento a longo prazo, onde seria muito importante a participação de patrocinadores e do poder público municipal com objetivos de disputar grandes competições e trabalho sociais nos bairros e escolas.
Fonte: Jorge Ávila/Bola Na Rede